por Zedu Lima

Pendurei minha alma no varal para secar
Encharcada estava de tanta melancolia
Para lhe fazer companhia, empoleirei ao seu lado,
No fino arame, um coração que se consumia
De nostalgia, talvez...
Enquanto a alma secava, o coração reclamava
Se queixava por eu não lhe dar mais atenção
Que eu era ingrato, injusto e sem razão
Comigo é pior, atalhou a alma se agitando ao vento
(Ainda respingando tristeza, em constante movimento)
Acusa de que nada sirvo, não sou amparo nem abrigo
Que só penso sair de si, ir embora, voar, fugir
Calaram-se quando me viram aproximar
Desconfiado, inseguro e sem refresco
Retirei do varal alma e coração já secos
Disfarcei admirando o cair da tarde
Serei tão rude assim? Insano? Me questionei
É no fogo do meu caos que eles se ardem?
Num relance, acalentei-os e depois de um afago
Fomos dormir apaziguados
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