por Isabel Fomm de Vasconcellos Caetano

Já faz algum tempo, eu ia a pé pela Avenida Paulista e cheguei à Bernardino de Campos, atravessando o viaduto sobre a avenida 23 de Maio. Quando olhei lá pra baixo e vi aquele mar de automóveis, o ridículo da cena atingiu o meu peito como um soco.
Que bando de idiotas nos tornamos, cada um de nós dirigindo um amontoado de lata, poluente, num mar de amontoados de lata, andando mais devagar do que se andássemos a pé?
Realmente, o tempo do automóvel já passou.
É inacreditável que as autoridades que governam os países não estejam se mobilizando, desesperadamente, para fornecer alternativas de transporte, principalmente nas grandes cidades.
É verdade que, principalmente no Brasil, a indústria automobilística gera uma montanha e meia de dinheiro em impostos.
No entanto, quanto desses impostos são gastos na saúde pública quando os números de vítimas de acidentes automobilísticos chega à espantosa cifra de 500 mil por ano? Quanto é gasto com doenças respiratórias causadas pela poluição? Já está provado que os veículos automotores são os maiores vilões na geração de uma péssima qualidade de ar.
Alternativas existem e são muitas. Metrô é a melhor delas, para o transporte nas cidades. E uma grande malha ferroviária substituiria com êxito o horror das rodovias, onde acontece uma verdadeira carnificina e cujo custo é muito alto.
Carro é coisa do passado.
Carro é coisa de país subdesenvolvido, orgulho de gente atrasada.
Carro é, hoje, uma idéia cafona e politicamente incorreta.
É claro que, numa cidade como São Paulo, onde o transporte público é, na maioria, uma grande desgraça, todo mundo depende e precisa de um carro.
A situação caótica do trânsito, que já tem até rádio especializada em ajudar o motorista a escapar dos trágicos congestionamentos, no entanto, faz com que todos nós suspiremos de anseio por umas boas linhas de metrô.
Cada vez mais pessoas estão optando pelas bicicletas e pelo metrô, nos poucos lugares onde ele existe.
Os congestionamentos, além de poluírem ainda mais o ar, causam muito estresse e as brigas feias entre motoristas estão se tornando rotina.
Enquanto não pressionamos as autoridades por soluções alternativas, seria muito bom se cada um de nós tentasse evitar ao máximo usar o automóvel.
Se aonde você vai é possível ir de metrô, vá.
Se você tem dinheiro, opte pelo táxi (é sempre um carro a menos na cidade: o seu).
Se o trajeto é curto, vá a pé; caminhar faz bem pra saúde.
E, principalmente, trate de mudar a sua cabeça com relação aos automóveis. Compre o mais barato, ou o que polui menos, o menos luxuoso. Trate o carro como um mal necessário e não mais como um símbolo de status.
Carro é cafona.
Carro é passado.
Carro consome combustível.
Polui.
Aleija e mata.
Carro é individualista.
Carro é egoísta.
Carro é porcaria da grossa.
Pule fora enquanto é tempo.
(texto escrito em 2009... ai!)
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