por Vera Krausz

Meu chorinho (Ré)
Minhas lágrimas vão aprendendo
A tocar chorinho numa nota só
No dedilhar da viola vou revendo
Notas em Clave de Sol, sem dó
Vou retirando dos acordes maiores
Que dizem do coração as batidas
Suaves toques que são os menores
Dos melhores das nossas vidas
Profanos, íntimos e dos mais sutis
Mi rela e faz do sol, eterna cantiga
Triste canto de meus cantos pueris
Em sete rimas celestiais a mais antiga
Do si ao amargo mel, louvo e peço bis
Ré faz amor que oro, choro, me fadiga
Sonho Fúnebre (Mi)
Abro meus olhos te vejo na cama
Teu sorriso largo aberto desnudo
O corpo nu estendido me chama
Reclama silêncio em som mudo
Uma aflição, arrepios frios e urros
Fecho os meus olhos e não te vejo
Assustada ouço tua voz, sussurros
Com cuidado suspiro só e revejo
Não sou eu ali deitada, estendida
Outro corpo descansa em teu peito
Pálida, calidamente empalidecida
Estou morta em nosso próprio leito
Serena, saio nua, fria e enternecida
Levando comigo todo o meu deleito
Segunda Feira Rósea (La)
A natureza diz por si
O que meu coração fa La
Ela não cala e na Clave de Sol
Estampa meu maior amor sem dó
Vem meu querido, Ré torna a Mi
Aqui há canção, ritmo e melodia
Em tom Maior, celestial alvorecer
Volto meu eixo em suave harmonia
Contigo as sete notas hei de rever
És lindo! Amanhecer em mar rosa
Teu sorriso, tua voz, meu o teu olhar
Além dos tons, de meu verso e prosa
Amém, digo a Deus diante do mar
Reverência a estrela esplendorosa
Que ao raiar dourada faz mi suspirar
Poesia Alegre (glad!) (Si)
Quero aprender a fazer poesia alegre
Transgredir a regra da dor de poetas
Ensina-me! Pois pra alegre, rima não há
Quero a transgressão da felicidade, e já!
Feliz quem sabe da métrica e da rima
Mas percebe e sente a magia, o ímã
Destas nossas irreverentes peripécias
Maduras licenças poéticas, mui sérias
Metáforas e figuras de linguagem
Brincam em nossas bocas e língua
E a risada corre solta na paisagem
Onde nada, nem sexo fica a míngua
Na Cabala da vida, retornamos nós
Ao nosso próprio começo, ora sem nós!
Cavalo alado, ora mergulha neste mar
Percorre a Ilha e Continente para amar
Em meio ao mar
Nadava desesperadamente
Travessia entre a minha ilha
E a imensidão do continente
Náufraga de uma guerrilha!
Sem fôlego, nem mais respirar
Cansada, cantava em Agonia!
Mente confusa, leve a rodopiar
Bandolins da noite do meu dia
Escuridão da poesia e do verso
Quando de repente teus beijos
Retiram-me do mar submerso
Tua voz ancorou-me em seixos
Novo o amor em meu universo
Mares cheios dos meus desejos
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