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Cinco Lindos Poemas

Foto do escritor: SAUDE&LIVROS FommSAUDE&LIVROS Fomm

por Vera Krausz


Matisse, 1939, A Música
Matisse, 1939, A Música

Meu chorinho (Ré)

 

Minhas lágrimas vão aprendendo

A tocar chorinho numa nota só

No dedilhar da viola vou revendo

Notas em Clave de Sol, sem dó


Vou retirando dos acordes maiores

Que dizem do coração as batidas

Suaves toques que são os menores

Dos melhores das nossas vidas


Profanos, íntimos e dos mais sutis

Mi rela e faz do sol, eterna cantiga

Triste canto de meus cantos pueris

Em sete rimas celestiais a mais antiga


Do si ao amargo mel, louvo e peço bis

Ré faz amor que oro, choro, me fadiga


Sonho Fúnebre (Mi)

 

Abro meus olhos te vejo na cama

Teu sorriso largo aberto desnudo

O corpo nu estendido me chama

Reclama silêncio em som mudo

 

Uma aflição, arrepios frios e urros

Fecho os meus olhos e não te vejo

Assustada ouço tua voz, sussurros

Com cuidado suspiro só e revejo

 

Não sou eu ali deitada, estendida

Outro corpo descansa em teu peito

Pálida, calidamente empalidecida

 

Estou morta em nosso próprio leito

Serena, saio nua, fria e enternecida

Levando comigo todo o meu deleito


Segunda Feira Rósea (La)


 A natureza diz por si

 O que meu coração fa La

 Ela não cala e na Clave de Sol

 Estampa meu maior amor sem dó


 Vem meu querido, Ré torna a Mi

 Aqui há canção, ritmo e melodia

 Em tom Maior, celestial alvorecer

 Volto meu eixo em suave harmonia

 

Contigo as sete notas hei de rever

És lindo! Amanhecer em mar rosa

Teu sorriso, tua voz, meu o teu olhar

 Além dos tons, de meu verso e prosa

 Amém, digo a Deus diante do mar

 

Reverência a estrela esplendorosa

 Que ao raiar dourada faz mi suspirar


Poesia Alegre (glad!) (Si)


 Quero aprender a fazer poesia alegre

 Transgredir a regra da dor de poetas

 Ensina-me! Pois pra alegre, rima não há

 Quero a transgressão da felicidade, e já!


  Feliz quem sabe da métrica e da rima

 Mas percebe e sente a magia, o ímã

 Destas nossas irreverentes peripécias

 Maduras licenças poéticas, mui sérias


 Metáforas e figuras de linguagem

 Brincam em nossas bocas e língua

 E a risada corre solta na paisagem

 Onde nada, nem sexo fica a míngua

 

 Na Cabala da vida, retornamos nós

 Ao nosso próprio começo, ora sem nós!

 Cavalo alado, ora mergulha neste mar

 Percorre a Ilha e Continente para amar

 

 Em meio ao mar

 

Nadava desesperadamente

Travessia entre a minha ilha

E a imensidão do continente

Náufraga de uma guerrilha!


Sem fôlego, nem mais respirar

Cansada, cantava em Agonia!

Mente confusa, leve a rodopiar

Bandolins da noite do meu dia


Escuridão da poesia e do verso

Quando de repente teus beijos

Retiram-me do mar submerso


Tua voz ancorou-me em seixos

Novo o amor em meu universo

Mares cheios dos meus desejos

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